sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Não minta pra mim

Não minta pra mim, nunca.
Nem mentirinha, nem mentirona.
Não minta pra me agradar, nem pra me proteger.

Não minta com a intenção de me livrar de algo ruim, nem para me privar de maus sentimentos, nem mesmo se você julgar que não vou suportar a verdade... O que eu realmente não suporto é a mentira.

Não minta pra mim de vez em quando, nem de vez em sempre...


Mentir, mesmo que por uma boa causa, desencadeia uma reação viciosa em que as pessoas acreditam que mentir pode ser justificável, prudente e coerente, quando "na verdade", mentir não é nem mais, nem menos do que mentir, é simplesmente mentir.

Não minta pra me mostrar nada, nem pra me esconder nada, mesmo que seja pra me castigar... ou melhor, se você realmente quiser me castigar, então minta! Mas me conte a verdade depois, porque até nisso a mentira é inferior à verdade: sozinha, uma mentira não serve para absolutamente nada, e tão logo é desmascarada, morre. Sendo assim, precisa da verdade como contra-peso para mostrar sua "verdadeira" face, e causar algum mal; já a verdade, não precisa de mentiras pra se sobressair, não precisa ser provada, quantificada ou legitimizada, porque a verdade, sendo ímpar, tem a clareza de si mesma.




Eu sei que é quase impossível passarmos 1 dia que seja sem mentir, mesmo que sejam só mentirinhas... Mentirinhas pra manter nossa privacidade, pra manter nosso emprego, pra manter alguém que amamos próximo de nós... Mas então, por que cargas d'água ninguém gosta de mentiras? Eu mesmo, odeio! Mas sendo sincero o tempo todo, a cada dia, faço mais e mais inimigos.

Onde estaria o meu erro? Em falar grandes verdades ou esconder pequenas mentiras?

∴"Não se culpe por não ser sincero o tempo todo: uma verdade na hora errada pode ser pior do que uma mentira oportuna."

(Calixto_john, 2010) ∴

Vamos seguir o conselho acima com bom-senso, e de preferência, sem egoísmo. Eu disse para "não se culpar" e não para se "anistiar". Sim, porque, viver sem mentir, nos nossos dias, é quase utópico, e perdoar as próprias mentiras (mas não as dos outros) parece ter virado lei.


Não minta dizendo a verdade! 
Isso mesmo!
Isso também acontece muito entre os que se dizem cultos. Não tente criar uma situação falsa, induzindo alguém a pensar ou agir de determinada forma errônea, expondo de forma irresponsável e sistemática verdades cruéis e ininteligíveis. Isso, talvez, seja pior do que a própria mentira que se queira instaurar na cabeça das pessoas, portanto, se enquadra na qualidade de mentira.

Mentir pode não nos parecer tão ruim assim, mas quando nos damos conta de que não passamos um único dia de nossas vidas sem mentir, percebemos que o assunto é mais grave do que parece. Note, exatamente agora: você já mentiu hoje? Conseguirá terminar o dia de hoje sem dizer uma única mentira? (e ao mesmo tempo, não se expor à maldade alheia?)


Não quero parecer petulante, mas gostaria de listar aqui algumas perguntas, as quais acho que muitos acabariam mentindo inconscientemente ao enfrentá-las:


-O celular toca, mas você não quer falar com aquela pessoa. O que você faz?


1) Ignora a ligação (poderia atender, mas não atende)

2) Atende e diz estar muito ocupado (mas está sentado em casa, de folga)
3) Pede pra alguém atender e dizer que você não está, ou...
4) Simplesmente atende e diz a verdade: não quero falar com você!

No trânsito:


1)Você ultrapassou algum sinal vermelho hoje?

2)Parou em local proibido?
3)Excedeu a velocidade?
4)Deveria ter sido multado?

Em sua vida pessoal:


1)Você já traiu algum amigo ou parente?

2)Seu cônjuge?
3)Seu namorado ou namorada? Se sim, confessaria isso a esta pessoa?
4)Você seria capaz de roubar?
5)De matar?
6)De se corromper?

Existe uma triste realidade impregnada na cabeça das pessoas de que, um pequeno mal ou atitude ruim, uma vez que seja de prática comum entre muitas pessoas, acaba se tornando um direito nosso também, já que tantas pessoas o cometem, na maioria das vezes indiscriminada e impunemente... "Ah, todo mundo faz, todo mundo pode! Por que eu não?" Triste e infeliz conclusão, que acaba por nos auto-anistiar e permear como correta e corriqueira a arte de mentirmos e nos corrompermos, em pequenos e aceitáveis níveis.


Não espero que as pessoas parem de mentir, até porque se afirmasse isso, acho que eu também estaria mentindo... Mas espero encarecidamente, que ao menos o meu esforço em combater esse hábito seja, um dia, tão comum quanto escovar os dentes, respirar ou dormir, de preferência com a consciência tranquila.



Calixto_john...

Setembro de 2012.




© Calixto_john, João Calixto Neto, Ed. Ateniense, São Paulo
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FBN - Fundação Biblioteca Nacional: ISBN 978-85-330-0019-7

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