domingo, 12 de outubro de 2014

Pra Onde


Não sobrou nada do meu caminho
Eu fiz tudo o que achava que devia
Fiz o que o meu coração pedia
E fiz tudo sozinho

Não guardei nada comigo,
E até mesmo o que achei que era meu
Pelo caminho se perdeu

Nas mãos do meu inimigo

Só me sobrou a poesia
Mesmo não sendo mais minha
Pra eu me apegar.

Eu tive uma vida cheia
De um vazio intransitivo
Sempre dentro de mim, pensativo
Como uma ameaça alheia

Mas eu fiz o melhor que pude
Mesmo quando não pude fazer mais nada
E quando ninguém mais me enxergava

Eu ainda estava aqui

Só me sobrou a poesia
Mesmo não sendo mais minha
Pra eu me apegar.

Caminho a passos largos
Dentro de um breu envolvente
Dentro da minha mente
Sentindo um gosto amargo

De caminhar só há muito mais tempo
Do que eu podia imaginar
Na companhia de inimigos atentos

A qualquer vacilar

Só me sobrou a poesia
Mesmo não sendo mais minha
Pra eu me apegar.

E no final, descobrir 
Que a dor não vai diminuir
Muito menos terminar

Quando não conseguir mais prosseguir
Nem mesmo desistir
Ou a esperança renovar

Só vai me sobrar a poesia
Mesmo não sendo mais minha
Pra eu me apegar.


Calixto John
12/10/2014
13:15

© Calixto_john, João Calixto Neto, Ed. Ateniense, São Paulo
Todos os direitos reservados de acordo com a legislação vigente
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação(CIP)
(CBL)Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil: Calixto, João Neto CDD 869.915
FBN - Fundação Biblioteca Nacional: ISBN 978-85-330-0019-7

2 comentários:

Unknown disse...

adoro esse lugar
me traz uma paz imensa.

Bob esponja disse...

Sino , encima das pedras , a ponte , fruta vermelha guardada na carteira e nas lembranças